HISTÓRIA DOS CORREIOS EM SANTA ISABEL
De acordo com pesquisa feita pelo advogado e contador de histórias, Isaias Bueno, a instalação da primeira agência dos Correios em Santa Isabel – SP, ocorreu a quase três décadas após a emancipação político-administrativa do Município. O texto abaixo narra a trajetória da agência em terras isabelense.
Pesquisando sobre a instalação dos correios em Santa Isabel, constatei que o abrimento chegou vinte e sete anos após a emancipação político-administrativo de Santa Isabel, de rigor, os correios se instalavam em concomitância com a separação, o correio era a ferramenta que unia o poder central e o município.
Após esmiuçar o assunto, concluí que o Decreto de Emancipação de 10 de julho de 1832 correu risco de revogação, o município sofreu ameaça de proprietários rurais e comerciantes inescrupulosos que divergiam do divórcio e faziam exigências para transferir seu domicílio eleitoral para Santa Isabel – a emancipação exigia um número alto de eleitores - colocando em risco a conquista, os revoltosos exigiam privilégios e cargos, retardando o sonho da emancipação, a persuasão foi exaustiva, uma espécie de toma lá, dá cá.
Os descontentes se sentiram vitoriosos e diferiram seus domicílios, tudo pelo enriquecimento do colégio eleitoral que registrou número expressivo de eleitores de província, classificados para eleger deputados e senadores – pleito que se realizava na Câmara Municipal -, e um número maior de eleitores de paróquia, estes para eleger vereadores e juízes de paz – pleito que se realizava no interior da igreja, daí o nome - conjunção imperativa para emancipação.
Finalmente, a paz reinou, a emancipação foi exitosa, o Correio chegou em 19 de novembro de 1.859, através de uma Portaria Ministerial do Imperador D. Pedro II. A Agência foi instalada num anexo da Câmara Municipal com acesso pela Rua do Meio (Avenida da República), o agente indicado foi Feliciano Franco Ferraz, depois: Ubaldino de Araújo (1.868), na sequência, Augusto Damasceno (1.878), a agência era deficitária, de receita insuficiente para saldar o agente que recebia anualmente 120$000,00 (cento e vinte mil réis), porém para o tesouro pouco importava, o tributo arrecadado no município garantia o retorno.
Os Agentes que se sucederam, nossos registros não apontam, mas os antigos hão de lembrar, de: Olímpio Ferraz, Juvenal Ferreira, Lazaro Cirilo, Floripes Martins dos Santos, Mário Báccaro e Deusinho Porto, a agência não contava com carteiro, os munícipes buscavam na agência as suas correspondências.
Para encerrar a narrativa, é justo lembrar de João Roberto Baylongue, autor de inúmeros livros, revistas e comentários sobre a história postal no Brasil, ele escolheu Santa Isabel para morar, faleceu em 2018.
Conheci Baylongue na minha primeira passagem pela presidência da Câmara Municipal, devo a ele essa exegese, era historiador e filatelista, especialista em aero filatelia, dirigente da Associação Brasileira de Filatelia Temática – ABRAFITE, titular da JRB Pesquisas Filatélicas, empresa voltada à consultoria; palestras; pesquisa sobre História Postal e; montagem de exposições.
O colecionador procurou-me para ajudá-lo a encontrar um local seguro, espaçoso e atraente para expor a sua coleção nos festejos do sesquicentenário da cidade. O ambiente que encontramos era excelente para a exposição e foi ofertado pelo ex-prefeito Gabriel Cianflone, um edifício recém construído na Praça da Bandeira, alugado para a instalação da Caixa Econômica Estadual (hoje abriga a Caixa Federal).
O expositor realizou o desejo de dividir com nossos conterrâneos a cultura dos selos e divulgar o diagrama da sua pesquisa que aliava a instalação dos Correios na cidade, exibiu com orgulho os selos que aqui foram carimbados no período imperial, prova inequívoca da longeva existência da Agência em Santa Isabel.
No início, dizia ele, a agência era assistida seis vezes por mês, transversalmente com Mogi das Cruzes que repartia o expediente até São Jose dos Campos, com a inauguração da Ferrovia do Norte, em 1877, nosso agente passou a utilizar-se da estação ferroviária de Poá para despacho e recolhimento do expediente.
Foto: Cristiano Capassi
ISAIAS BUENO, março de 2021