A ENERGIA ELÉTRICA

Assim como outras cidades brasileiras, Santa Isabel teve suas primeiras experiências de iluminação pública nas décadas iniciais do século XIX, por meio do uso de lampiões à base de azeite. Os suportes eram pregados por longos braços de ferro às paredes das casas e das ruas principais, contudo ao final daquele século com o surgimento da lâmpada incandescente em 1879, as Usinas de Eletricidade apareceram, Santa Isabel foi contemplada em 1914.

 

A Constituição Federal de 1891, da lavra de Rui Barbosa, atribuiu aos municípios criarem suas leis tributárias, assim, o Cel. BERTHOLDO (1908 a 1910), primeiro prefeito eleito, promulgou o primeiro Código Tributário Municipal, o Código de Posturas Municipais e a Lei Orçamentária Anual. Com esse efeito arrecadatório, o município passou a financiar suas obras estruturais.

 

O Pref. Major Guilhermino (1911 a 1913) iniciou o processo elétrico em Santa Isabel através da Lei Municipal n. 94/12 que autorizou a desapropriação de uma área de 300.000 m² para acomodar o lago e a barragem do Ribeirão Araraquara em face de João Barbosa Machado e Nhô-Nhô Pimenta um vale cercado de outeiro com abertura única no leito do rio, as águas com queda natural giravam o gerador. A outorga da Usina coube à NICOLINO NACCARATI e inaugurada em 10/07/1914.

 

O Prefeito Firmino da Cunha Lobo (1914 a 1916), pai do ex-prefeito Zico Lobo, insatisfeito com a tarifa cobrada, editou a Resolução nº 32/1915, e adquiriu a Usina por: 15:749$039 (quinze contos, setecentos e quarenta e nove mil réis e trinta e nove tostões), criou um “opifício elétrico” sob a responsabilidade do Eng. Olegário Leite de Camargo e Augusto Peters.

 

Os postes de distribuição e iluminação pública eram de ferro com base de cimento, a energia era interrompida às 22 horas para alimentar o lago que sustentava o gerador. No início, os comerciantes de querosene e combustíveis de lampião, inconformados com a inovação, destruíam as luminárias e criticavam a eletricidade, disseminando a letalidade dos choques elétricos.

 

A energia elétrica movimentou o comércio, criou empregos e atraiu industrias como: FIACAO E TECELAGEM DE JUTA; TECELAGEM MAGGI; INDUSTRIA COUPELCRINA; FÁBRICA DE ESTEIRAS LEVI; LANIFÍCIO CIANFLONE; USINA ALCOOLEIRA. Em 1929, o município alienou a Empresa Elétrica à Fábrica de Juta que promoveu obras a fim de eliminar a interrupção noturna.

Depois, em 1948, o Pref. Joaquim Simão editou a Lei Municipal nº 22/48 e contraiu um empréstimo de Trezentos Mil Cruzeiros da Caixa E. Estadual e encampou a Empresa. Em 1954, o Pref. Zico Lobo através da Lei Municipal nº 49/54, retomo-a em definitivo por Setecentos e Cinquenta Mil Cruzeiros.

Por fim, o Pref. José Basílio Alvarenga, em 1957, através da Lei Municipal nº 102/57, criou a subsidiária da Light & Power S/A e alienou o espólio da antiga Empresa Elétrica ao Senhor GABRIEL CIANFLONE, que em atenção a população demoliu a barragem que provocava muita inundação na cidade.

 

ISAIAS BUENO

Abril de 2021